"Entrei em desespero no palco", diz vocalista de banda em interrogatório no júri da Kiss

Marcelo de Jesus dos Santos relata ter largado o microfone, pegado o extintor e gritado "fogo" para quem estava próximo

O último réu a depor no julgamento pelo incêndio da boate Kiss é o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos. No palco da boate, ele ergueu o artefato pirotécnico, que iniciou o incêndio ao tocar a espuma que revestia a boate.

Foto: Reprodução/Notícias TJRS Justiça GaúchaMarcelo de Jesus, último réu a ser interrogado no júri da Kiss
Marcelo de Jesus, último réu a ser interrogado no júri da Kiss

Respondendo aos questionamentos do juiz Orlando Faccini Neto, Marcelo comentou que o uso de fogos de artifício nas apresentações era conhecido. "Era usual. Todo mundo sabia, nunca foi escondido de ninguém".

Ele descreveu como iniciou o fogo no dia 27 de janeiro. A banda já havia tocado um bloco de músicas e iniciou "Amor de Chocolate" do cantor Naldo. Foi durante essa música que Marcelo recebeu o artefato, acoplado em uma espécie de luva, e que foi acionado no refrão, quando o cantor ergueu a mão.

"Fiz a coreografia. Tirei a mão, o Luciano tirou a luva de mim, guardou, continuamos tocando", disse. Logo depois, foi advertido de que o teto pegava fogo. "No que olhei tinha uma bola, uma chama assim que nem a de fogão. No que eu olhei ali já vinha rapaz com extintor ".

Ele relata ter largado o microfone, pegado o extintor e gritado "fogo" para quem estava próximo.

"Eu disse vou apagar. Na minha cabeça eu ia apagar. Tive uma chance só de apagar o fogo e a chance que eu tive eu não consegui. O extintor não funcionou. Entrei em desespero de cima do palco, não sabia o que fazer", relatou, emocionado.

Ele perdeu a consciência e foi retirado da boate por seu irmão, Márcio, que também tocava na banda. Já do lado de fora, foi levado ao estacionamento de um supermercado. "Quando olhei tava no meio das pessoas mortas", disse.

Elissandro Spohr, sócio da casa noturna foi ouvido nesta quarta (09/12). Já na manhã de quinta, Luciano Bonilha Leão, técnico da banda, e o depoimento do sócio de Spohr na boate, Mauro Londero Hoffmann, prestaram depoimento.

Fonte: JTNEWS

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