José Elias Martins de Arêa Leão, o nosso grande Zé Elias; por Brandão de Carvalho

Passei algum tempo sem contactar com Zé Elias, nos encontrávamos nos acontecimentos culturais em lugares da cidade, meu parente próximo. Sua avó, Pedro Segundense, da família MENDES BRANDÃO, era prima de meu avô Cel. ÁLVARO BRANDÃO, casada com o Desembargador Tomaz de Arêa Leão, que galgou todos os cargos importantes do Judiciário Piauiense na época!

Foto: Arquivo pessoal

José Elias Martins de Arêa Leão

Cheguei a convidá-lo para fazermos uma “LIVE” sobre sua história de vida, tudo acertado, então veio a doença que o indisponibilizou para tão especial projeto, que infelizmente não mais se tornou realidade! 

O “Zé Elias“, sabia tudo sobre sua ancestralidade, era um homem culto, um poeta declamador, desarmado de qualquer vínculo com o orgulho, ódio, desavenças, inveja, supremacia. Era o contrário de tudo isso, simples, amável, contemporizador, humilde, um ser humano quase perfeito, porque nós humanos nunca chegaremos à perfeição absoluta, malgrado sabermos que somos meros transeuntes nessa vida de supostas vitórias e amarguras, todos se igualam na sua finitude sejam majestades ou a simples sombra de um anônimo desconhecido da grande urbe!

Em minha existência quase uma década vivida diuturnamente com Zé Elias, irrequieto, verossimilhança de um homem descompromissado com as coisas materiais, partilhava e dava oportunidades aos mais frágeis, em especial no mundo artístico cultural, multiplicador de ideias multicores, obstinado na condução de tudo aquilo que se dedicava a fazer!

Quando o professor WILSON DE ANDRADE BRANDÃO, Secretário de Cultura, fundador dessa instituição juntamente com a Fundação Cultural, sentiu na figura de Zé Elias, o propulsor de grandes ideias, o convidou para seu “stuf “na época.

Professor Wilson Brandão sabia da penetração do meio artístico e cultural de nosso homenageado de hoje!

Nomes importantes aportaram como: Nonato Oliveira, Albert Piauí, Kenard Kruel, Jorge Mendes, Sulica (agitadora cultural), figuras da Academia Piauiense de Letras, onde o professor WILSON BRANDÃO seria presidente construindo um auditório que leva seu nome. Ainda hoje existente, escritor Ferrer Feitas, jornalista Zenóbio Melo (da comunicação), Nerina Castelo Branco (imortal da APL), Abílio Santana Ribeiro (diretor do Arquivo público Casa Anísio Brito), atual procurador de justiça aposentado, Alda CADAH (Diretora do Teatro 4 de setembro), Edson Gayoso Castelo Branco (Diretor do Museu), juiz e poeta Luís Lopes Sobrinho, Luiz Gonzaga BRANDÃO de Carvalho, Dr. Zenon Rocha, entre outros, integrantes do Conselho de Cultura, Aldenora Vasconcelos (chefe do departamento de Cultura), escritor poeta crítico literário Cineas Santos, professora Valda Moura Santos, a primeira diretora do Museu do Piauí, após o translado e reinauguração no antigo prédio do Palácio da Justiça , na praça Marechal Deodoro da Fonseca.

Foto: Arquivo Pessoal cedido ao JTNEWS

Memória: Brandão de Carvalho abraçando o então secretário de Cultura, Paulo Nunes, que foi também presidente da Academia Piauiense de Letras, observado pelo sorridente José Elias Martins de Arêa Leão

Algumas das personalidades importantes que circundavam a área cultural já naquele período de efervescência de nossa cultura. Professor Wilson Brandão trouxe o grande historiador Padre Claudio Mello ao lado de tantas outras figuras da intelectualidade Piauiense! Foi a primeira interiorização das atividades culturais na reforma de prédios históricos na cidade de Oeiras, onde Palácios e monumentos foram revitalizados através de convênios federais, via Fundação Cultural, órgão subordinado a Secretaria de Cultura.

Primeiro plano editorial do Estado, através do velho parque gráfico da Imprensa Oficial, hoje não mais existente. A grande reforma que transformou o velho e decaído Teatro 4 de Setembro com novas poltronas, espaços, iluminações modernas, partindo daí a reiniciar apresentações teatrais, com grandes nomes de teatrólogas piauienses e de outras paragens brasileiras. Projeto Pixinguinha, Projeto Seis e Meia, com cantores renomados do “sul maravilha”, tudo acontecendo aos turbilhões, numa época de ouro da cultura Piauiense, que com o decorrer do tempo, deu saltos muito mais altos, através de grandes administradores que foram se sucedendo ao passar dos anos!

A inauguração do atual Museu do Piauí, transformado, renovado, instrumentalizado pelos maiores museólogos da época, cito aqui ainda bem jovens, mas participaram desse projeto, PAULO VASCONCELOS, especialista na área de museologia, embora arquiteto e DORA MEDEIROS, atual Diretora do Museu do Piauí. Houve impulso no Arquivo Público, com trabalhos técnicos de especialistas do Rio e Brasília, começando ali, já um tímido mais importante procedimento de filmagens e digitações.

Com a saída do Deputado Wilson de Andrade BRANDÃO (para se desincompatibilizar e ser candidato à reeleição para Deputado Estadual), assumiu o comando da Secretaria de Cultura, o professor Manuel Paulo Nunes, intelectual, escritor, crítico literário, que na época servia junto ao Ministério da Educação, em cargo relevante, dentre tantos outros luminares da inteligência Piauiense.

Neste artigo, queremos homenagear o José Elias Martins de Area Leão, então presidente da Fundação Cultural, além de assessor, onde tive a felicidade de conviver com todos esses iluminados, onde Zé Elias pontilhou com seu inolvidável trabalho em prol de nossa cultura, da arte projetando naquela época o futuro que o Piauí é hoje aos olhos de todos!

Fica aqui meu abraço fraterno e o reconhecimento de ter tido a honra em partilhar momentos únicos ao lado desse nosso amigo, que hoje nos acompanha no plano espiritual.

Brandão de Carvalho é escritor, membro da Academia de Piauiense de Letras Jurídicas e desembargador aposentado do Estado do Piauí.