O Piauí na liderança do ensino público
De Oeiras à EaD, a tão necessária educação superior a distânciaSe vamos falar de educação, é melhor buscarmos os melhores exemplos do país. E, nesse caso, nem precisamos sair do Piauí. Se o tema for educação básica, com ensino de língua portuguesa e matemática, é no sertão que vamos encontrar um destaque nacional, Oeiras... Isso mesmo! Nossa capital colonial é exemplo para o país e para o mundo, tendo sido notícia recentemente até no prestigiado jornal espanhol El País, que manchetou que a cidade quer ser a Finlândia brasileira, numa referência ao país nórdico que é líder mundial na educação de seus cidadãos.
O mesmo elogio foi feito durante um programa especial pelo apresentador Fernando Gabeira, no canal Globo News. Oeiras, de 37 mil habitantes, com 6.200 crianças no ensino fundamental, na área urbana e na zona rural, conseguiu atingir 7,1 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), um indicador que analisa o aprendizado de língua portuguesa e de matemática.
Oeiras já superou muito a meta proposta para 2021, quando todo o Brasil deve alcançar a nota 6,0. Em 2017, a média brasileira ficou em 5,8. As escolas públicas de Oeiras, como de várias outras cidades piauienses, representam a luz no fim do túnel de uma educação pública historicamente tão negligenciada pelas nossas autoridades.
Se no ensino fundamental nossos números são tão bons, o Piauí também pode se orgulhar de oferecer, por intermédio da Universidade Federal (UFPI), e da Estadual (UESPI), a democratização da educação superior, por meio da EaD.
A UFPI, por intermédio do CEAD, Centro de Educação Aberta e a Distância, está presente em 42 polos de ensino, do litoral ao extremo sul do estado, abrangendo todo o Piauí (40 polos) e, também, o oeste da Bahia (2 polos). São mais de 10 mil estudantes que, graças à educação a distância, podem ter acesso ao ensino universitário – graduação, especialização e mestrado - em regiões distantes dos grandes centros de ensino. A EaD, ao falar diretamente com os sertões do Brasil, oferece a oportunidade real de democratização do ensino superior, antes tão restrito aos limites físicos da sala de aula.
A força do CEAD da UFPI pode ser observada pela realização do maior congresso latino-americano de educação superior a distância, em Teresina, no final de novembro, numa parceria da UFPI/CEAD com a UniRede – associação das universidades públicas brasileiras que oferecem a educação superior a distância.
ALUNOS ATÉ NO JAPÃO
750 congressistas de todo o Brasil e inúmeros convidados internacionais se reuniram, durante uma semana (25 a 29/11), no espaço cedido pelo Centro Universitário Uninovafapi, na capital teresinense, num evento duplo: o ESUD (XVI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância) e o Ciesud (V Congresso Internacional de Educação Superior a Distância). Em entrevistas em Teresina, o presidente da UniRede, Prof. Dr. Alexandre Martins dos Anjos, mostrou a importância da educação a distância ao informar que há, hoje, brasileiros cursando o ensino superior em universidades brasileiras vivendo até mesmo do outro lado do mundo, no Japão.
O congresso foi recheado de discussões importantes sobre a atualidade da educação superior a distância e de seu futuro, sob o eixo central “Responsabilidades e desafios para a consolidação da EaD”. Os principais eventos e palestras tiveram transmissão simultânea pela Internet com a colaboração do Canal Educação, da Secretaria Estadual de Educação do Piauí. O Governo do Piauí investe fortemente na EaD, transmitindo aulas diárias a partir de Teresina para 900 salas ao redor do estado. Na hipótese de que alunos - em qualquer parte do imenso território piauiense - estejam sem professor de uma determinada disciplina, como matemática, basta levá-los para a sala adaptada para receber a transmissão da aula ao vivo.
Mas voltando ao congresso, entre os palestrantes estrangeiros, pesquisadores dos dois lados do Atlântico, como o Ramón Bartolomé Pina, da Universidade de Barcelona, na Espanha. Nascido na ilha de Fernando Pó, ex-colônia espanhola na África e parte da atual Guiné Equatorial, Prof. Bartolomé viveu na pele as dificuldades de estudar numa época carente de tecnologia educacional e numa região distante dos grandes centros; da Suécia, veio Ebba Ossiannilsson, da Universidade de Lund. Trata-se de um país pequeno para nós, porém comprido como o Piauí, com povoações muito distantes dos centros urbanos, bem lá no Norte, perto do Círculo Polar Ártico, e praticamente inacessíveis durante os longos invernos; de Portugal, Maria Teresa Pessoa, da Universidade de Coimbra, que fala da experiência de um país pequeno - para os padrões do Brasil continental - e, ao mesmo tempo, imenso, já que engloba as ilhas oceânicas, como Açores e Madeira, e ainda as distantes ex-colônias de língua portuguesa na África (Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e o arquipélago de Cabo Verde) e na Ásia (Timor Leste). Por fim, o canadense Stephen Downes, este sim um representante de um país com dimensão continente, como o Brasil, onde as enormes distâncias são dificultadas pelo frio e pelo gelo eterno do centro norte do país.
As experiências sobre a EaD trazidas pelos especialistas do Hemisfério Norte foram complementadas pelos estudiosos vindos de todo o Brasil. E para reforçar o sucesso desse evento duplo, nacional e internacional, o Piauí ainda conquistou um mérito inédito. O Diretor do Centro de Educação Aberta e a Distância da Universidade Federal do Piauí - CEAD/UFPI, Prof. Dr. Gildásio Guedes, foi eleito representante do Nordeste da UniRede, já com a incumbência de organizar o próximo congresso regional, em Parnaíba, em 2020. É a primeira vez que o Piauí ocupa essa vaga de liderança da região e, como afirma o Prof. Gildásio, “é um desafio dos maiores que já tive em minha vida profissional na UFPI, pois sobre a EaD no Ensino Superior podemos opinar na construção da política nacional do MEC para a UAB (Universidade Aberta do Brasil), encaminhar sugestões para os grupos de trabalho da SESU/MEC/CAPES sobre ações na EaD e participar de toda a programação anual da UniRede em nível nacional.”
Mérito de toda a UFPI, por intermédio de professores e funcionários do CEAD, destaque nacional para o Piauí, e conquista de toda a nossa população, com o acesso mais democrático, amplo, à educação superior, gratuita e de qualidade.
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