Silvio Barbosa

Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.
Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.

O ataque à Brasília deve ser a pá de cal na extrema-direita bolsonarista

O golpe fracassou! A Democracia venceu!

Os bolsonaristas anunciaram, para quem quisesse ouvir, em alto e bom som, pelas redes sociais e mídias amigas, que iriam tomar Brasília.

Nas redes sociais da extrema-direita, radicais diziam que esse era o grande momento tão esperado: provocar as Forças Armadas para tomar o poder e “salvar o país do comunismo” – um medo tão real quanto o da loira do banheiro ou do homem do saco, diga-se de passagem.

Além da mídia reconhecidamente bolsonarista, como a TV Jovem Pan, o restante da imprensa também noticiou que o domingo 08 teria manifestações na capital federal. Ou seja, não era segredo para ninguém.

Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilBolsonaristas invadem palácios dos três poderes, em Brasília
Bolsonaristas invadem palácios dos três poderes, em Brasília

O presidente Lula e a primeira-dama, convenientemente, diga-se de passagem, deixaram a cidade no final de semana em que ônibus vindos do país todo desembarcavam radicais na capital. A estratégica saída de Brasília, para prestar solidariedade a cidades paulistas atingidas pelas enchentes, tirou o presidente a a primeira-dama da linha de frente, do perigo mais imediato.

Enquanto isso, milhares desembarcaram na capital, todos unidos pelo desejo golpista de derrubar o presidente eleito, dar o poder às Forças Armadas e, quem sabe, restituir o derrotado e exilado Jair Bolsonaro ao poder.

O governo do Distrito Federal, encarregado de proteger a capital, fracassou vergonhosamente em cumprir seu dever, como todos vimos pelas imagens que tomaram conta da tarde de domingo. Em vez do Caldeirão do Huck, a Rede Globo colocou no ar a cobertura ao vivo do canal a cabo GloboNews.

Os Palácios sendo invadidos pelos bolsonaristas, as cenas transmitidas pelas redes sociais dos invasores, com a depredação do patrimônio histórico e arquitetônico da Praça dos Três Poderes, onde estão concentradas as sedes do Executivo (Palácio do Planalto), do Legislativo (Congresso Nacional) e do Judiciário (STF), tudo isso, ao vivo e a cores.

Autoridades inertes que, como as imagens mostram, escoltaram os bolsonaristas da rodoviária e do acampamento até o alvo dos atques, sem demonstrar vontade ou capacidade de deter os golpistas.

Só duas horas depois, os prédios públicos foram retomados. Ou seja, por duas horas, os três poderes da República, que juntos zelam pelo Estado Democrático de Direito, estiveram sob domínio de radicais.

O golpe que os bolsonaristas esperavam iniciar com essa invasão em Brasília fracassou quando se viu que no restante do país os radicais não conseguiram apoio nas ruas nem nos quartéis. Nenhum general se predispos a mandar tanques às ruas, com aconteceu em 1964, quando o General Mourão Flho, em Minas Gerais, deu início ao golpe militar que derrubou o presidente eleito João Goulart.

Desta vez, em vez de sinal de rebelião, a completa obediência das forças armadas à Democracia. E as muitas delcarações de condenação ao golpe, por parte de políticos, governadores, entidades, instituições, organizações civis

Fora do Brasil, nenhum apoio aos radicais. Países latino-americanos, organismos internacionais, como ONU e OEA, líderes europeus, o Presidente dos Estados Unidos, todos unidos contra o golpe.

O domingo terminou com tudo resolvido; com 200 invasores presos, com os milhares de bolsonaristas dispersados e o presidente de volta a Brasília, vistoriando os estragos ao nosso patrimônio. Os bárbaros destruíram obras de arte e bens históricos. Triste, muito triste!

Mas, de positivo, temos muito mais: o fracasso do radicalismo como força organizada, uma derrota fenomenal para o Bolsonarismo, como movimento radical de contestação à vontade das urnas, à democracia. Os grupos de extrema-direita que tentaram o golpe agora sofrerão as consequências pesadas da lei; serão muitos processos e prisões, não só de quem mostrou o rosto durante o golpe, mas também de quem financiou centenas de ônibus e refeições para entusiarmar os golpistas.

Os financiadores serão identificados. Os grupos radicais, desmonetizados. A partir de agora, farão cada vez menos barulho; vão se tornar cada vez menos relevantes no processo político. Sem dinheiro, sem mídia, e com a vigilância atenta da sociedade, vão continuar existindo apenas como grupos marginais dentro da nossa esfera política. E a Democracia Brasileira seguirá em frente. Viva a Democracia!

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