As universidades precisam despertar da quarentena
É preciso união para salvar, ao menos, o segundo semestre letivo
As aulas presenciais dos cursos de graduação e pós graduação das universidades brasileiras estão suspensas desde a metade de março. Algumas entidades privadas estão dando “um jeitinho” de tocar o semestre com aulas gravadas, exercícios enviados por email, lives (fala ao vivo) de professores e demais técnicas usadas no ensino a distância.
Já as universidades públicas, com seus departamentos pouco afeitos à EaD – educação a distância, usando a Internet como mídia transmissora - estão de braços cruzados, esperando uma luz para saber como lidar com um semestre já condenado.
Como as aulas presenciais foram suspensas por causa do risco de contaminação em salas que reúnem 40 pessoas por aula, e não há previsão de que a pandemia vá terminar, não há como se imaginar reunir, novamente, os alunos em espaços fechados de uso coletivo, em que portas e janelas devem ficar fechados, sem que haja a necessária ventilação e troca de ar.
Nesta quarta semana de abril, a Covid-19 mata no Brasil o equivalente à queda de um Boeing 747 por dia. São mais de 400 pessoas que perdem a vida diariamente aqui, número ainda pequeno perto do pico experimentado por Itália, Espanha e Estados Unidos. O sucesso do isolamento social em muitos estados, como o Piauí, em que shoppings e comércio em geral foram fechados a tempo, quando ainda não havia mortes, empurrou o temido pico da contaminação, que provocará o esgotamento do sistema de atendimento médico, mais para a frente.
Isso quer dizer, que maio será o mês crucial no combate à doença, refletindo muito nos meses de junho e julho. Isso quer dizer, também, que não há de se pensar em reiniciar aulas presenciais, a não ser que, por milagre, uma vacina pudesse ser descoberta e produzida em série, o que é improvável.
Sendo assim, não vale mais a pena perder tempo ou fingir que ainda é possível salvar esse primeiro semestre letivo, com possíveis saídas inspiradas no famoso “jeitinho brasileiro”. Da mesma forma como não podemos aceitar as fake news (notícias falsas), não devemos também nos contentar com fake aulas, condensadas em pouco tempo para garantir a conclusão do semestre. O esforço, agora, deve ser em como salvar o segundo semestre com o vírus ainda circulando.
E aí entram as excelentes propostas do CEAD, Centro de Educação Aberta e a Distância da UFPI. Gerenciando 42 polos de ensino a distância no Piauí e na Bahia, o CEAD propõe formar, capacitar, o quanto antes, os professores dos cursos presenciais de graduação e pós-graduação para que iniciem as aulas em agosto, ministrando suas disciplinas pela Internet, no esquema de home-classroom, em casa mesmo ou a partir de seu gabinete de trabalho na UFPI.
Mas, e os alunos sem recursos, sem computador ou Internet em casa, como farão?
Pois o Prof. Gildásio Guedes, diretor do CEAD, oferece a resposta: a UFPI deverá “viabilizar a infraestrutura para incluir os alunos mais vulneráveis que não dispõem de internet e de algum equipamento, sobretudo notebook, tablet ou smartfone.”
Caberá à Universidade, diante do quadro emergencial que vivemos, fornecer os equipamentos aos alunos em estado de necessidade, bem como negociar a cessão de sinal gratuito de internet a eles.
São medidas que precisam ser tomadas agora para garantir que o primeiro semestre letivo – 2020.1, possa ser realizado no segundo semestre do ano. Melhor perder um semestre que um ano inteiro. A universidade não pode parar, pelo bem maior da nossa sociedade.
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