Polícia Militar agride servidores enquanto Reforma da Previdência é aprovada

Enquanto a Alesp se transformava em uma praça de guerra, os deputados aprovaram a PEC que trata da Reforma da Previdência dos servidores públicos estaduais

Enquanto a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) se transformava em uma praça de guerra, os deputados aprovaram a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 18/2019 que trata da Reforma da Previdência dos servidores públicos estaduais, na manhã de terça (3).

Foto: SindcopPoliciais da Tropa de Choque bloquearam as entradas da Assembleia Legislativa de São Paulo
Policiais da Tropa de Choque bloquearam as entradas da Assembleia Legislativa de São Paulo

Menos de 24 horas depois, na manhã desta quarta-feira (4), também foi aprovado o Projeto de Lei Complementar (PLC) 80/2019, que trata detalhes da reforma da Previdência e muda a alíquota de contribuição previdenciária.

PEC

A votação do segundo turno da PEC estava marcada para ocorrer às 19h na terça mas, após manobra do presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB), a sessão foi antecipada para às 9h.

Foto: SindcopServidores estiveram em peso na Alesp, mesmo com a manobra de mudança de horário da sessão.
Servidores estiveram em peso na Alesp, mesmo com a manobra de mudança de horário da sessão.

Caravanas de servidores de várias partes do estado tiveram que reorganizar as saídas dos ônibus e na manhã de terça-feira, a assembleia estava lotada com funcionários de diversas carreiras do Estado. O SINDCOP (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária e demais Servidores Públicos do Sistema Penitenciário) levou à São Paulo dois ônibus e duas vans com filiados.

Foto: Jacinto Teles/JTNewsGilson Barreto - presidente do Sindcop e coordenador geral da Campanha "Impossível sem Agente"
Gilson Barreto, presidente do Sindcop

Com as portas fechadas do plenário Juscelino Kubitschek, centenas de servidores protestavam nos corredores da assembleia, forçando a entrada no plenário.

Cenário de guerra

Por volta das 10h30 a Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada por Macris, e expulsou os servidores dos corredores. Aí começou o cenário de guerra.

Os policiais dispersaram os servidores com agressões e uso de gás de pimenta. No saguão da Alesp, a dispersão se deu com bombas de gás lacrimogênio, muitas vezes atiradas na direção das pessoas. A polícia utilizou bombas de gás vencidas, como apontou o deputado Carlos Giannazi (Psol).

No plenário, a sessão continuou. Do lado de fora, a polícia intensificou os ataques, aumentando o disparo de bombas e afastando os manifestantes que se concentravam na entrada da assembleia.

Muitos servidores ficaram presos na Alesp, pois as saídas foram barradas pela polícia.

Votação

Por volta do meio dia veio o resultado da votação. Votaram a favor da proposta do governo 59 deputados; 32 votaram contra. Na sequência, os deputados aprovaram três emendas (de números 3, 30 e 32):

• 3 – mantém para o policial civil, agente penitenciário e agente de escolta e vigilância penitenciária, que tenha ingressado no serviço público até 31 de dezembro de 2003, os proventos integrais de aposentadoria com paridade aos servidores da ativa;

• 30 – mantém o período de 90 dias para o servidor deixar sua função após pedido de aposentadoria;

• 32 – garante o direito adquirido e o abono de permanência.

Para o servidor que ingressou no serviço público após 31 de dezembro de 2003 e até a implantação do Regime de Previdência Complementar em 22 de dezembro de 2011, o valor da aposentadoria corresponderá à média aritmética simples das remunerações adotadas como base para as contribuições aos regimes de previdência a que o servidor esteve vinculado.

O projeto do governador João Doria (PSDB) foi encaminhado para a Alesp em novembro de 2019 e tramitou de forma urgente e atropelada. O debate nas comissões foi rápido e contou com manobras regimentais feitas pelo presidente da Casa, Cauê Macris, para acelerar o processo.

A tramitação da PEC 18 foi questionada na Justiça e chegou a ser paralisada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. No dia 18 de fevereiro, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, derrubou duas decisões liminares que impediam a tramitação, e o processo pôde continuar.

Veja como fica a aposentadoria do agente penitenciário

Policial Civil, agente de segurança penitenciária e agente de escolta e vigilância penitenciária

• 55 anos de idade para homem e mulher;

• 25 anos de contribuição, se mulher, e 30 anos de contribuição, se homem;

• 15 anos de exercício em cargo de natureza estritamente policial, se mulher, e 20 anos, se homem;

• 5 anos no cargo em que se dará a aposentadoria.

PLC aprovado: mais ataques

Já na manhã desta quarta-feira (4), os deputados aprovaram em sessão extraordinária o Projeto de Lei Complementar (PLC) 80/2019, que trata detalhes da reforma da previdência dos servidores públicos estaduais. A proposta foi aprovada com 58 favoráveis, 30 contrários e 1 abstenção.

O projeto previa inicialmente o aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14 por cento. Porém, os deputados apresentaram uma emenda aglutinativa substitutiva, publicada no Diário Oficial de hoje (4), escalonando os valores a serem pagos pelos servidores. A nova contribuição vai variar entre 11% e 16%.

Entre outros pontos, o PLC altera a alíquota de contribuição previdenciária, que era de 11%, passará a ser escalonada, com valores variando entre 11% e 16%:

• 11% - funcionários que recebem até um salário mínimo;

• 12% - entre um salário mínimo e três mil reais;

• 14% - entre R$ 3.000,01 e o teto do Regime Geral da Previdência Social (RGPS);

• 16% - acima do teto do RGPS.

Fonte: Sindcop/SP

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