Entenda como acontece a transmissão da varíola dos macacos pele a pele

Contágio pode ocorrer a partir do contato direto com lesão cutânea, crostas ou fluidos corporais de uma pessoa infectada ou pelo toque em objetos, tecidos e superfícies contaminados

A principal forma de transmissão da varíola dos macacos, doença também conhecida como monkeypox, ocorre por meio do contato direto pessoa a pessoa, chamado de pele a pele.

Foto: ShutterstockVaríola dos macacos: Brasil tem 978 casos da doença
Varíola dos macacos

A transmissão pode acontecer a partir do contato direto com lesões cutâneas, crostas ou fluidos corporais de uma pessoa infectada, pelo toque em objetos, tecidos (roupas, lençóis ou toalhas) e superfícies que foram usadas por alguém com a doença, além do contato com secreções respiratórias.

O risco maior de exposição está entre profissionais de saúde, familiares e parceiros íntimos de alguém que tenha a doença. O vírus também é transmitido durante o contato íntimo, incluindo: sexo oral, anal e vaginal ou toque dos órgãos genitais ou ânus de uma pessoa com varíola dos macacos.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, a transmissão também acontece ao abraçar, massagear e beijar, por contato pessoal prolongado e pelo toque de tecidos e objetos, durante o sexo, que foram usados por uma pessoa infectada e que não foram limpos, como roupas de cama, toalhas, equipamentos de fetiche e brinquedos sexuais.

De acordo com o Ministério da Saúde, uma pessoa pode transmitir a doença desde o momento em que os sintomas começam, como a erupção cutânea, que são as feridas na pele, febre, dores no corpo e na cabeça, aumento dos gânglios – ou ínguas, calafrios e fraqueza.

O período de transmissão ocorre até que as lesões cicatrizem completamente e uma nova camada de pele se forme. O ministério recomenda que todas as pessoas com sintomas compatíveis de varíola dos macacos devem procurar atendimento médico imediatamente e adotar as medidas de isolamento recomendadas. O diagnóstico é realizado de forma laboratorial, por teste molecular ou sequenciamento genético. As amostras são direcionadas para oito laboratórios de referência no Brasil.

Até o momento, de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registra 3.450 casos confirmados de varíola dos macacos.

A doença foi registrada nos estados de São Paulo (2.279), Rio de Janeiro (403), Minas Gerais (159), Distrito Federal (141), Paraná (83), Goiás (136), Bahia (29), Ceará (29), Rio Grande do Norte (14), Espírito Santo (8), Pernambuco (19), Tocantins (1), Maranhão (2), Alagoas (1), Acre (1), Amazonas (15), Pará (4), Paraíba (1), Piauí (2), Rio Grande do Sul (54), Mato Grosso (13), Mato Grosso do Sul (12), e Santa Catarina (44).

Como saber se uma lesão de pele pode ser sinal da doença

A doença, na maioria dos casos, evolui sem complicações e os sinais e sintomas duram de duas a quatro semanas. As manifestações clínicas habitualmente incluem lesões na pele na forma de bolhas ou feridas que podem aparecer em diversas partes do corpo, como rosto, mãos, pés, olhos, boca ou genitais.

No entanto, o surto atual da doença tem apresentado características epidemiológicas diferentes, com sintomas que podem ser bastante discretos, o que pode dificultar e atrasar o diagnóstico adequado.

Na forma mais comum documentada da doença, os sintomas podem surgir a partir do sétimo dia com uma febre súbita e intensa. São comuns sinais como dor de cabeça, náusea, exaustão, cansaço e principalmente o aparecimento de inchaço de gânglios, que pode acontecer tanto no pescoço e na região axilar como na parte genital.

Já a manifestação na pele ocorre entre um e três dias após os sintomas iniciais. Os sinais passam por diferentes estágios: mácula (pequenas manchas), pápula (feridas pequenas semelhantes a espinhas), vesícula (pequenas bolhas), pústula (bolha com a presença de pus) e crosta (que são as cascas de cicatrização).

No quadro clínico típico da doença, as lesões na pele formam bolhas em diversas partes do corpo. No entanto, os sintomas causados pela monkeypox no surto atual têm variado bastante de uma pessoa para outra segundo infectologistas.

Em alguns pacientes, as feridas podem surgir apenas na área genital ou do ânus e não se espalham pelo corpo. Em outros, é comum a identificação de uma lesão única (veja imagem).

Infectologistas apontam que no surto atual, diferentemente da descrição inicial da doença na África, as feridas também podem aparecer em diferentes estágios de desenvolvimento. Além disso, há relatos de aparecimento de lesões antes do início da febre, mal-estar e outros sintomas da doença.

“A apresentação clínica da monkeypox no surto atual está bem variada. Há pacientes com lesão única, com lesão múltipla, restrita à região genital ou com lesões no corpo inteiro. A lesões estão se manifestando de forma assíncrona também. Na característica anterior, elas estavam todas na mesma fase de evolução, quando uma entrava na fase de formar casquinhas, todas entravam também”, explica a médica infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

A correlação entre o sintoma e a possibilidade de ser varíola dos macacos deve ser feita por profissional de saúde. Na consulta, o médico considera informações epidemiológicas como o contato com casos suspeitos ou confirmados da doença e o histórico de contato íntimo com parceiros casuais antes da manifestação sintomática. Com base nesses registros coletados durante a consulta, o especialista poderá fazer o pedido de teste de diagnóstico.

Diagnóstico de monkeypox

A amostra a ser analisada deve ser coletada preferencialmente das secreções das lesões. No entanto, se elas já estiverem secas, amostras das crostas formadas devem ser encaminhadas para estudo.

Nos casos em que os pacientes não apresentam lesões na pele, pode ser coletada amostra da boca e da garganta (orofaringe) por meio de swab (cotonete), de maneira semelhante à utilizada no diagnóstico de Covid-19, ou de amostras por via anal ou genital.

O diagnóstico da varíola dos macacos é realizado de forma laboratorial, por teste molecular ou sequenciamento genético.

O diagnóstico molecular (chamado tecnicamente de RT-PCR) é considerado a técnica padrão ouro para a detecção de vírus. O método permite a identificação do material genético de um microrganismo e tem sido amplamente utilizado no diagnóstico do SARS-CoV-2, por exemplo, na pandemia de Covid-19.

Já o sequenciamento genético é uma técnica mais complexa, associada à identificação de bases do DNA viral. Com o mapeamento genético, é possível comparar o genoma do vírus com outros disponíveis nas bases de dados, por exemplo.

Fonte: CNN Brasil

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