Celso Barros Coelho deixa um grande legado de dignidade, luta e determinação em prol da Justiça e da Democracia
Entre tantas pessoas que compareceram ao velório de Celso Barros Coelho, estava o advogado e ex-presidente da OAB-PI, Reginaldo Santos Furtado (92 anos), que presidiu a OAB-PI de 1979 a 1985.No início desta semana, na segunda-feira (10/7) o Piauí, o Brasil, a advocacia, a intelectualidade e notadamente o meio jurídico piauiense perderam um dos seus principais expoentes, o renomado jurista e intelectual Celso Barros Coelho, ele que viveu em "plenitude" seus 101 anos, mesmo maranhense de Pastos Bons foi e será sempre uma das principais referências ao Piauí, pois aqui constuiu não somente amigos, família; constriu toda uma vida em prol da Justiça e da Democracia.
Entre tantas pessoas que compareceram ao velório de Celso Barros Coelho, estava o advogado e ex-presidente da OAB-PI, Reginaldo Santos Furtado (92 anos), que presidiu a Seccional piauiense entre os anos de 1979 a 1985. Durante a sua fala, relembrou que Celso sempre esteve ao seu lado na luta pela democracia. Sendo ele, uma bandeira de luta pela democracia no Direito e na Advocacia do Piauí. E que não é à toa que todos reconhecem que ele foi o mais brilhante Advogado do Estado do Piauí.
“O golpe de 1964 acabou com os partidos políticos, começando a Arena e o MDB, quando ficamos na oposição, fazendo a história da luta Democrática a favor da democracia, numa reação sem armas, o Celso apresentou pela primeira vez o primeiro projeto para a construção da barragem de Boa Esperança”, frisa o Membro Honorário Vitalício da OAB-PI, Reginaldo Furtado.
Atual presidente da instituição, Celso Barros Coelho Neto, em suas palavras, destacou o legado deixado por seu avô não só para a advocacia do Estado do Piauí, mas também para política com a sua luta pela democracia.
“Meu avô viveu 101 anos como uma daquelas pessoas que se eternizam na memória de quem teve a oportunidade de conviver com ele. Ele lutou muito para vencer na vida e certamente cumpriu a missão dele. Eu, enquanto neto e advogado, só tenho que agradecer pelo privilégio de conviver com ele. Ele foi um advogado na sua essência e agora o que fica é o legado dele para o Piauí e para todos os lugares por onde ele pode andar”, disse.
O advogado e conselheiro federal da OAB, Carlos Júnior, que trabalhou com doutor Celso Barros Coelho por mais de 12 anos, destaca a relação de amizade e quase “familiar” que tinha com o jurista Celso Barros Coelho, e relembra as lições que aprendeu, não só sobre como advogar, mas, sobretudo, as de vida.
“Bom, o doutor Celso foi como um avô pra mim. Quando eu conheci o doutor Celso eu não tinha mais avós consanguíneos vivos e aí devido à proximidade eu fui estagiar no escritório dele. Meu primo casou com a filha dele mais nova, então isso proporcionou uma proximidade familiar.
Já do ponto de vista profissional, eu comecei estagiando lá [no Escritório de Dr. Celso Barros] e lá me formei, e em seguida passei no Exame da Ordem. Acabei passando 12 anos e meio. No Escritório de Dr. Celso pude construir as condições favoráveis a estabelecer o meu própio escritório. Com ele [Dr. Celso] tive uma relação bem próxima, ao ponto de confidenciarmos assuntos recíprocos, só compartilhados entre grandes amigos; de discutir teses processuais, eu coordenava o escritório dele como um todo, ele me confiava as ações, os processos, eu tinha a chave do escritório.
Aos domingos eu ia ao escritório para digitar petições, viajávamos para lançar um jornal trimestral que ele tinha, ou seja, era uma ligação bem próxima mesmo.
Enfim, pra gente é uma perda não só para a comunidade advocatícia, mas para mim uma perda familiar, uma perda de uma pessoa muito próxima, de uma pessoa que eu tinha muita consideração, muita amizade. Uma das coisas que mais me chamou a atenção além da didática, da boa memória, da capacidade técnica, do respaldo que ele tinha perante as pessoas, a sociedade como um todo, como político, era a 'humanidade' dele.
Doutor Celso era muito humano, muito humano mesmo... de ajudar todas as pessoas do seu convívio ou não, ajudava financeiramente, ajudava materialmente, ajudava psicologicamente conversando. Os clientes dos processos dele eram como se fossem filhos dele, ele tinha muito cuidado. Ele me ensinou muita coisa, me ensinou a ser ético, me ensinou a ser corajoso, a enfrentar as mazelas da sociedade, do mundo. Junto ao meu pai, ele foi um grande homem na minha vida. Será eternizado no meu coração, e todos os meus projetos futuros vão ter também sua marca, pode ter certeza”, pontuou Carlos Júnior.
O advogado Jacinto Teles, que atualmente preside a Comissão de Estudos Constitucionais da OAB-PI, relembrou da contribuição do jurista Celso Barros Coelho para os policiais civis e penitenciários enquanto atuou como advogado do SINPOLJUSPI.
“Tive o privilégio de quando fui presidente do SINPOLJUSPI, ter o Dr. Celso Barros Coelho como advogado junto aos sócios da entidade sindical dos policiais e também palestrante de grandes eventos em defesa da Segurança Pública e do Estado Democrático de Direito."
Jacinto Teles continua sua fala destacando as conquistas dos policiais civis e penitenciários que tiveram a contribuição de Celso Barros Coelho.
"Como advogado ele ganhou na Justiça o que a Câmara Municipal de Teresina havia revogado, isto é, o direito dos policiais civis e penitenciários não pagarem o transporte coletivo no Município [quando estes profissionais laboravam percebendo míseros salários e colocando em risco susas vidas em defesa da sociedade]; atualmente estes dificilmente utilizam tal garantia, por terem um dos melhores salários iniciais do Brasil, tudo a partir da luta histórica da categoria, e, sobretudo da implementação do subsídio em 2008, sob nossa direção sindical”, registrou o advogado Jacinto Teles.
A carreira de Celso Barros Coelho
Celso Barros Coelho foi presidente da OAB-PI por seis vezes, entre os anos de 1962 e 1974, lecionou como professor titular da Universidade Federal do Piauí e como professor convidado na Universidade de Brasília, na Escola Superior da Magistratura do Piauí e na Escola Superior da Advocacia do Piauí. Também foi Deputado Federal por dois mandatos e Deputado Estadual, onde teve o mandato cassado pela Ditadura de 1964.
Fonte: JTNEWS
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