Ceará registra cerca de 170 assasinatos desde o início da greve da PM

Ao menos 170 pessoas foram assassinadas no Ceará de 19 a 24 de fevereiro de 2020, de acordo com a SSPDS (Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social) do Estado. Policiais cearenses estão em greve desde o dia 18 de fevereiro reivindicando reajuste salarial.

Foto: Divulgação Polícia Civil do Ceará

A categoria entrou no 9º dia de motim nesta quarta-feira (26)

A Constituição Federal, no entanto, proíbe no, seu parágrafo 142, manifestações de militares. A razão é o fato de que prestam serviço indispensável à sociedade e que a classe tem maior poder de coação que as demais.

A soma inclui homicídio doloso (quando há intenção de matar), feminicídio, lesão corporal seguida de morte e latrocínio (roubo seguido de morte).

O número de assassinatos já é 37% maior que o registrado no motim de 2012, quando 124 pessoas foram mortas durante os 7 dias em que policiais interromperam seus serviços.

Reforço na segurança

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, autorizou o envio da Força Nacional ao Ceará um dia após o senador licenciado Cid Gomes (PDT) ser baleado. O congressista conduzia uma retroescavadeira na direção de policiais amotinados em um quartel do município de Sobral.

Foto: Reuters/Stringer

Força Nacional patrulha ruas de Fortaleza em meio à crise na segurança pública

Na última segunda-feira (24), Moro sobrevoou a capital Fortaleza acompanhado dos ministros Fernando Azevedo (Defesa) e André Mendonça (Advocacia Geral da União). Moro afirmou que “não há situação de absoluta desordem nas ruas.”

As tropas assumiram a segurança pública do Estado na sexta-feira (21). No dia anterior, os policiais amotinados recusaram proposta do governo do Ceará para interromper a paralisação. De acordo com Major Olímpio (PSL-SP), não será negociada anistia aos amotinados.

A SSPDS-CE afirma que 43 policiais foram presos pelo envolvimento na greve e outros 61 deserdados. Pelo menos 168 PMs foram afastados temporariamente. A secretaria não informou que percentual do efetivo aderiu ao motim.

Tensão em outros estados

A polícia de pelo menos outros dez Estados pressionam autoridades por reajuste salarial, de acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Eis a lista:

• Alagoas. Agentes e escrivães e agentes da Polícia Civil anunciaram paralisação de quarta-feira (26) até às 8h do sábado (29). É a segunda vez que a categoria suspende as atividades este mês, que ficou parada do dia 17 ao dia 21.

• Paraíba. Policiais e bombeiros militares anunciaram uma paralisação de 12h na quarta-feira (19). O movimento foi determinado ilegal e uma audiência foi marcada para a quarta-feira (26) entre a categoria e o governo do Estado.

Foto: KLEBER GONÇALVES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Agentes da Força Nacional da Segurança em Fortaleza (CE)

• Santa Catarina. O governo elevou de 12% para 17,5% a proposta de reajuste de salário. Policiais e bombeiros militares buscam aumento de 40%. A Aprasc (Associação de Praças de SC) irá se reunir na quinta-feira (27) para deliberar a proposta.

• Piauí. No dia 18 (mesma data do início da paralisação no Ceará), cerca de 100 servidores da segurança pública fizeram uma manifestação em Teresina. Eles estão sem reajuste salarial desde 2015. A categoria conquistou aumento no pagamento de operações especiais, que passa a ser de R$ 150 em dias de semana e de R$ 200 em finais de semana.

• Espírito Santo. No início do mês, policiais e bombeiros militares fizeram uma passeata em Vitória reivindicando reajustes nos salários. A categoria recusou aumento que somaria 35% ao longo dos quatro anos de mandato do atual governador, Renato Casagrande (PSB).

• Sergipe. Policiais civis interromperam as atividades por 24h na quarta-feira (19). O governo afirma que está em negociação com representantes da corporação e da Polícia Militar.

• Pernambuco. Policiais civis indicaram possibilidade de entrar em greve durante o Carnaval, mas recuaram. A categoria terá reunião para negociar alterações no plano de carreira e de vencimentos no dia 11 de março.

O Estadão também cita negociações em curso no Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins.