Brasil pode deixar de receber lote de abril da Sputnik V, diz governador Wellington Dias do Piauí
Segundo os fabricantes russos, cerca de 60 países já usam ou estão em negociação para aplicação do imunizanteO governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias (PT), afirmou neste domingo (25/04) que “infelizmente, o Brasil pode perder a oportunidade do recebimento do lote de abril da vacina Sputnik”.
Ele atribuiu a possibilidade à demora da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para conceder a licença de importação do imunizante e “por burocracias, por exigências que não estão previstas na lei“, diz.
“O que que o Brasil mais precisa? De vacinas. Infelizmente, a gente foi atrás, encontrou vacina, estamos com essa dificuldade para fazer a vacina chegar e ser usada no Brasil”, afirmou.
O secretário–executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas, disse ter conseguido um relatório técnico com o Instituto Gamaleya, responsável pela produção do imunizante, “com muitas informações sobre a segurança e eficácia da vacina”. “Esse relatório já foi encaminhado lá da Rússia ao Brasil enquanto nós estávamos lá e já foi protocolado junto a Anvisa para que a gente possa finalmente conseguir autorização de importação e aplicação desta vacina”, afirmou.
O Consórcio protocolou na 6ª feira (23/4) os documentos solicitados pela Anvisa para liberação do imunizante. Estes, na avaliação do governador, excedem as exigências legais. “A lei prevê que seja apresentado a certificação por uma agência reguladora, entre as 16 ali citadas. E isso foi feito pelos Estados. E, agora, mesmo com a decisão do supremo, ainda, temos uma exigência de uma serie de outros documentos”, declarou em referência a esta última remessa.
A Anvisa, por sua vez, informa que tem prazo legal de 30 dias para tomar decisão sobre o imunizante. Está marcada para esta 2ª feira (26.abr) às 18h uma reunião da diretoria colegiada para discutir o tema.
Aval sem a ANVISA
Na 5ª feira (22/4), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski determinou que a Anvisa responda em 30 dias sobre os pedidos feitos pelos governos do Piauí e do Amapá de importação emergencial da vacina russa. Já tinha decidido o mesmo em relação ao Ceará em 19 de abril.
O prazo conta a partir da data de formalização da solicitação de cada governo estadual.
De acordo com a decisão do ministro, se não houver manifestação da agência no prazo determinado, os Estados terão autorização para “importar e distribuir” o imunizante russo à população local.
A decisão do ministro é liminar (provisória), e precisa ser referendada pelo plenário do Supremo. Atende a ações ajuizadas pelos Estados no STF.
Amapá e Piauí formalizaram o pedido em 30 de março (o que dá à agência até dia 29 de abril para responder). O Ceará, em 31 de março (resposta da Anvisa até 30 de abril).
Em 13 de abril, Lewandowski já havia determinado que o Maranhão poderá importar a Sputnik V, caso a Anvisa não decida até 28 de abril.
O processo do Maranhão está na pauta de julgamento virtual da Corte para análise de todos os ministros. Até o momento, nenhum magistrado votou.
SPUTNIK no Brasil
O Ministério da Saúde assinou, em março, um contrato para a compra de 10 milhões de doses do imunizante russo. A 1ª remessa, de 400 mil doses, é esperada até o fim de abril. No entanto, o pagamento, segundo o governo, só será efetuado depois do aval da Anvisa.
Além do contrato com o governo federal, o consórcio de governadores do Nordeste também tem um acordo para adquirir mais 37 milhões de doses da vacina Sputnik V.
O 1º pedido de autorização para uso emergencial da Sputnik V foi apresentado à Anvisa em dezembro de 2020. Na época, a vacina não cumpria todos os critérios necessários e a solicitação foi devolvida.
A agência flexibilizou as exigências no início de fevereiro, mas a União Química, laboratório responsável pela vacina no Brasil, só protocolou o 2º pedido em 26 de março.
A Anvisa tem 7 dias para analisar pedidos de aprovação para uso emergencial. Mas suspendeu o prazo do pedido por “ausência de documentos necessários”.
Além disso, o Fundo Soberano Russo, responsável legal pelo imunizante, pediu que a Anvisa adie as inspeções em fábricas da Sputnik V no país –etapa necessária para a certificação de boas práticas de produção. A vistoria estava marcada para 15 a 21 de abril nas empresas JSC Generium e Ufavita, mas foi adiada para o último dia 19.
No último dia 15, o Valor Econômico divulgou que documentos internos da agência apontam pelo menos 15 pontos críticos que podem comprometer a qualidade, a segurança e a eficácia da vacina russa.
Já o Instituto Gamaleya e pelo Fundo de Investimento Direto Russo afirmam que o imunizante tem 97,6%. O percentual anunciado é maior que o de 91,6% de eficácia contra o coronavírus, apontado pelo estudo publicado na revista científica The Lancet.
Fonte: JTNEWS/PODER 360
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