Acabar com a escala 6x1 é fundamental, é muito importante, diz o ministro Luiz Marinho

Salário mínimo deve chegar a R$ 1.621 em 2026 e governo aposta em aumento real da renda e geração de empregos.

A redução da jornada de trabalho, o fim da escala 6x1, é fundamental para garantir qualidade de vida à maioria dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. Para o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, reduzir a jornada é também priorizar a qualidade de vida dos cidadãos brasileiros. 

Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilMinistro do Trabalho, Luiz Marinho acredita que o Congresso Nacional vote proposta ainda em 2023
Ministro do Trabalho, Luiz Marinho

"Portanto, acabar com o 6 por 1 é fundamental, é muito importante para criar um ambiente mais saudável do emprego, para o trabalhador não se sentir pressionado por um ambiente hostil, quando ele rejeita alguma coisa, ele vê naquele ambiente hostil e acaba virando depressão, doença mental, acidente, absenteísmo, baixa qualidade, baixa produtividade", afirmou o ministro em entrevista ao programa A Voz do Brasil desta terça-feira (23/12).

"Então nós temos que enxergar isso como uma grande oportunidade de ganhar com esse processo, reduzir a jornada. Em tese o empregador vai perder algumas horas ali, mas seguramente ele vai ganhar potencial de qualidade, de ambiente normal de trabalho e produtividade, o Brasil pode ganhar muito com isso", completou.

O ministro do Trabalho e Emprego afirmou que o ano de 2026 deve começar com um cenário positivo para os trabalhadores brasileiros, impulsionado pelo aumento real do salário mínimo, pela ampliação da isenção do Imposto de Renda e pela expectativa de retomada do crescimento econômico, caso haja redução da taxa básica de juros.

Segundo o ministro, a projeção atual aponta que o salário mínimo pode chegar a R$ 1.621 a partir de janeiro, valor que ainda depende da confirmação da inflação de novembro. O reajuste, de acordo com ele, representa ganho real para os trabalhadores e se soma às mudanças na tabela do Imposto de Renda, que passará a isentar salários de até R$ 5 mil.

Com isso, trabalhadores que hoje têm desconto de Imposto de Renda em folha deixarão de ter esse valor abatido a partir do pagamento referente a janeiro, recebido no fim do mês ou início de fevereiro. Para o ministro, essa combinação amplia o poder de compra e cria um fôlego financeiro importante para as famílias.

O titular da pasta destacou que, apesar do crescimento da economia em 2025, alguns sinais de desaceleração já começam a aparecer, especialmente na indústria. O mercado de trabalho segue em expansão, mas também apresenta redução no ritmo. Ele alertou que a manutenção dos juros elevados pode comprometer o crescimento em 2026.

Na avaliação do ministro, uma eventual redução da taxa Selic já no início do próximo ano seria fundamental para garantir um desempenho mais robusto da economia. Caso o Banco Central demore a iniciar esse processo, o impacto positivo pode ser limitado ao longo do ano, já que os efeitos da política monetária levam cerca de seis meses para se refletir na atividade econômica.

Mesmo com a taxa de desemprego em torno de 5,4%, considerada a menor da série histórica, o ministro ressaltou que o país ainda tem cerca de 7 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. Ele citou, entre os desafios, a necessidade de ampliar políticas públicas que permitam maior participação das mulheres, especialmente por meio da expansão do ensino integral, que facilita a conciliação entre trabalho e cuidado familiar.

Outro ponto destacado foi o debate sobre a jornada de trabalho e o fim da escala 6 por 1. Segundo o ministro, há uma resistência crescente, principalmente entre os jovens, a esse modelo de jornada. Ele defendeu que a redução da jornada máxima, sem redução salarial, pode melhorar a saúde mental dos trabalhadores, reduzir acidentes, absenteísmo e aumentar a produtividade.

O tema, segundo ele, vem sendo discutido com sensibilidade no Congresso Nacional, com diálogo entre parlamentares e representantes do setor empresarial, especialmente do comércio, que enfrenta dificuldades para manter funcionamento contínuo diante da rejeição dos trabalhadores ao modelo atual.

O ministro também comentou o desempenho dos jovens no mercado de trabalho. Dados mais recentes mostram que, em outubro de 2025, cerca de 80 mil das aproximadamente 86 mil vagas formais criadas foram ocupadas por pessoas de até 24 anos. Ao longo do ano, os jovens responderam por cerca de 80% das novas contratações.

Ele atribuiu esse resultado, em parte, ao fortalecimento da Lei da Aprendizagem, que completou 20 anos. De acordo com o ministro, o número de jovens aprendizes passou de 48 mil em 2005 para 453 mil em 2023 e atualmente alcança cerca de 715 mil participantes, um crescimento considerado histórico.

O estoque de empregos formais no país se aproxima de 49 milhões de postos, sem contar os servidores públicos. Segundo o ministro, o Brasil voltou a registrar mais empregos formais do que informais, um movimento associado ao crescimento sustentável da economia.

Até outubro de 2025, o saldo positivo na geração de empregos formais chegou a 1,8 milhão de vagas. O ministro atribuiu esse resultado a políticas públicas do governo federal, como a valorização do salário mínimo, os ajustes no Imposto de Renda, o fortalecimento do BNDES, o uso de fundos públicos como o FGTS e o FAT, além da liberação de recursos do FGTS para trabalhadores demitidos, que injetou cerca de R$ 12 bilhões na economia.

Ao projetar 2026, o ministro evitou estimar números exatos para a taxa de desemprego, mas afirmou que a expectativa é de continuidade do crescimento do mercado de trabalho. Segundo ele, o desempenho dependerá tanto do cenário internacional quanto, principalmente, das decisões internas sobre a política de juros.

Ele concluiu afirmando que, caso o Banco Central inicie a redução da taxa básica já nas primeiras reuniões do próximo ano, o país poderá ampliar significativamente o crescimento econômico e a geração de empregos. Caso contrário, o risco é de desaceleração ao longo de 2026.

Fonte: JTNEWS com informações da Agência Gov

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