A Vaidade é Defeito? por Brandão de Carvalho

A vaidade embora vista como uma qualidade negativa deve ser analisada com alguns abrandamentos na contextualização da vida humana

Nossa reflexão de hoje (2/2), nestes dias pandêmicos, será uma reflexão sobre a vaidade, tida pela Igreja e os cânones bíblicos como um dos pecados capitais.

Foto: Jacinto Teles/JTNEWSBrandão de Carvalho
Brandão de Carvalho é escritor e desembargador do TJ-PI

A vaidade embora vista como uma qualidade negativa deve ser analisada com alguns abrandamentos na contextualização da vida humana. Realmente temos a vaidade fruto da mesquinhez do espírito, que submerge em alguns quando o poder lhe "sobe à cabeça" ou quando o dinheiro arranca de si a humildade [não subserviência] que todos nós temos que compartilhar com nossos semelhantes.

Essa vaidade que emerge das conquistas terrenas, pelo poder, pelo dinheiro, portanto, pela ascensão social, é pura fatuidade, frivolidade, insignificância espiritual que grassa infelizmente na grande maioria das pessoas, principalmente entre aquelas que conseguiram alavancar num nível social superior, levando consigo as marcas do sofrimento, das angústias, das revoltas, e se tornam cúmplices da própria mediocridade.

Geralmente aqueles que nascem em "berço de ouro", como se diz comumente, não têm consigo essas marcas, porque nunca tiveram essas experiências que pudessem se contrapor nessa dicotomia do “antes” e do “depois”.

Na outra face da moeda temos a vaidade com sentido mais leve, sem a profusão de um conteúdo profundamente negativo, que seria o cuidado exagerado com aparência física, com o objetivo da admiração, do elogio de terceiros. 

Esse tipo de vaidade é próprio nas mulheres, no trato de sua elegância no corpo, na vestimenta, o que chamamos na expressão nova de "ubersexual", referente a um comportamento vaidoso, moderno, sofisticado, com muito estilo, entretanto não é um privilégio apenas femininino, em absoluto.

O ubersexual é aquele indivíduo que cuida de sua aparência, gosta de se destacar, gosta de aparecer. Neste caso específico, o conceito de vaidade se torna leve, sem maledicência, sem o aspecto pecaminoso que o termo se converte.

A vaidade da mulher em modular seu cabelo, vestir-se na moda, aplicar técnicas para manter a juventude, e de igual modo o homem para tornar-se mais atrativo ao sexo oposto, é uma vaidade sadia, que preenche os desejos da alma, para se compor de forma mais bela no estamento social que integra. Daí a expressão "mulher vaidosa", "homem vaidoso".

*Brandão de Carvalho é escritor, membro da Academia Piauiense de Letras Jurídicas e desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí.

Fonte: JTNEWS

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