Silvio Barbosa

Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.
Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.

Um filho de imigrantes indianos é o novo governante britânico

É a primeira vez que um “não branco” e “não cristão” assume o cargo de primeiro-ministro

Um país, Reino Unido, que na verdade é composto por 4 nações: a Inglaterra, maior e mais populosa, a Escócia, o País de Gales (que juntos formam a Grã-Brtanha) e, para completar, a Irlanda do Norte. São todos governados por um único soberano, Charles 3º, com funções apenas cerimoniais, que não pode se envolver com questões políticas, e por um único primeiro-ministro, que cuida dos assuntos do dia-a-dia do reino.  

No papel, os outros três territórios, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, tem seus próprios primeiro-ministros, mas com poderes limitados a questões locais; segurança nacional, relações internacionais, economia e finanças públicas, são todas questoes decididas pelo político que mora no número 10 da Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro britânico. 

Foto: Belfast NewsRishi Sunak assume com a renúncia de Liz Truss
Rishi Sunak assume com a renúncia de Liz Truss

E o novo morador, pela primeira-vez na história, não é um britânico branco (80% da população) e cristão (60% dos britânicos). Rishi Sunak, como o proprio nome já indica, tem origem estrangeira; é filho de imigrantes de origem indiana que, por sua vez, nasceram na África. 

Os pais de Sunak, que viviam no Quênia, se mudaram para a Inglaterra nos anos 60, com a tumultuada independência das ex-colônias do Império onde o Sol nunca se punha. 

Em meio a levantes nacionalistas africanos, a comunidade asiática que serviu o Império Britânico, ficou temerosa de sofrer perseguição nos novos países independentes, como de fato aconteceu em vários deles, com confisco de bens, perda de cidadania e expulsão em massa. 

Rishi Sunak não conheceu essa violência nacionalista africana, mas viveu a juventude num país tumultuado por conflitos religiosos (entre católicos irlandeses e protestantes britânicos na Irlanda do Norte) e sociais, em especial, contra os imigrantes, acusados de roubar empregos dos britânicos. 

Filho da classe média, Sunak estudou com bolsas em prestigiosas instituições inglesas. Outra bolsa o levou à Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, onde conquistou um MBA e conheceu a esposa, Akshata Murty, hindu como ele, e filha de um bilionário indiano da informática. 

Ao contrário de outros descendentes de imigrantes, que tradicionalmente votam no Partido Trabalhista pelas políticias sociais mais liberais, Rishi Sunak sempre apoiou o Partido Conservador, pelo qual foi eleito deputado, Ministro das Finanças e, agora, Primeiro-Ministro. 

É uma reviravolta política, já que, há poucos meses, perdeu a votação para esse mesmo cargo para a agora demissionária Liz Truss. Ela fracasou em implantar seu plano econômico, renunciou e agora cede lugar a Rishi Sunak, que tem a mesma visão conservadora. 

Resta saber, agora, se ele vai acertar onde Liz fracassou: recolocando a economia britânica de volta nos trilhos, de onde descarrilhou após os britânicos aprovarem o Brexit, a retirada do país da União Européia. Sem a parceria com a Europa continental, a Grã-Bretanha tem dificuldades para voltar a crescer e sustentar o valor da Libra Esterlina, que já foi a moeda mais valorizada do mundo, mas que nos últimos tempos passou a valer menos que o Euro e o Dólar. 

Missão difícil essa de recuperar o prestígio da libra e tornar a Grã-Bretanha (e o Reino Unido) interessante para os investidores estrangeiros agora que está isolada dos ricos mercados consumidores da União Européia.    

Todo conteúdo, imagem e/ou opinião constantes neste espaço são de responsabilidade exclusiva do(a) colunista. O material aqui divulgado não mantém qualquer relação com a opinião editorial do JTNEWS.

Comentários