Maria das Graças Targino

Doutora em Ciência da Informação, Universidade de Brasília, e jornalista, finalizou seu pós-doutorado junto ao Instituto Interuniversitario de Iberoamérica da Universidad de Salamanca, Espanha. Sua experiência acadêmica inclui, ainda, cursos em países, como Inglaterra, Cuba, México, França e Estados Unidos. Tem produzido artigos, capítulos e livros em ciência da informação e comunicação, enveredando pela literatura como cronista. Depois de vinculação com a Universidade Federal do Piauí por 25 anos e com a Universidade Federal da Paraíba por 14 anos, hoje, dedica-se à literatura, especificamente, ao jornalismo literário e a crônicas.
Doutora em Ciência da Informação, Universidade de Brasília, e jornalista, finalizou seu pós-doutorado junto ao Instituto Interuniversitario de Iberoamérica da Universidad de Salamanca, Espanha. Sua experiência acadêmica inclui, ainda, cursos em países, como Inglaterra, Cuba, México, França e Estados Unidos. Tem produzido artigos, capítulos e livros em ciência da informação e comunicação, enveredando pela literatura como cronista. Depois de vinculação com a Universidade Federal do Piauí por 25 anos e com a Universidade Federal da Paraíba por 14 anos, hoje, dedica-se à literatura, especificamente, ao jornalismo literário e a crônicas.

Rosas do deserto tunisiano

"Dentre todas as lendas que cercam as rochas rosas, a mais propagada diz que as rosas caracterizam-se pela capacidade de fortalecer a espiritualidade"

Não se trata da rosa do deserto que, quase de repente, assolou o território nacional e as casas do brasileiro apaixonado por plantas. Como sempre repetimos, imagem, como representação visual de pessoas ou objetos, segundo o conceito desenvolvido por Platão, o idealismo, considera a imagem como projeção da mente, que complementa e enriquece palavras e textos e/ou vice-versa.

Foto: Maria das Graças TarginoRosas do deserto tunisiano
Rosas do deserto tunisiano

Por exemplo, discorrer sobre as mais legítimas rosas minerais do deserto, por mais que nos esforce, vai sempre parecer pobre e, sobretudo, abstrato, o que justifica a inserção da foto de uma delas. 

Mas vamos lá. Recentemente, na Tunísia (norte da África), nos deleitamos com a beleza ímpar das rosas do deserto, denominadas, também, de rosas das areias ou rochas rosas. Trata-se de formação mineral, resultante do acúmulo de partículas minúsculas de gesso na areia, graças à evaporação permanente das águas de chuva (ainda que raras), infiltradas, marinhas ou lacustres ricas em sais e graças à erosão ocasionada pelo vento, embora também existam algumas compostas por barita e areia.

Da fusão dos grãos de areia, nascem belas espécies das rosas dos ventos ou do deserto. As lâminas cristalizadas de gesso se juntam em forma de rosas com pétalas, cujas bordas afiadas danificam veículos que trafegam pela terra árida de forma desatenta.

Por ser comum serem desenterradas pela ação da urina dos dromedários, em abundância nas regiões desérticas, durante muito tempo, acreditou-se que eram elas produzidas pela urina desses animais. Devido à sua composição, as rosas poderiam ser utilizadas na construção civil, mas o alto teor de areia inviabiliza o uso, de modo que servem muito mais como ornamento nas casas locais ou vendidas a preços módicos aos turistas que se encantam, mas quase sempre relutam em transportá-las para suas casas pelo peso das pedras, de olho no elevado valor do despacho das bagagens.

Segundo os geólogos, as rosas das areias, ainda que constem no rol dos cristais, paradoxalmente, não são cristais por se, e, sim, agregados cristalinos. Isto é, constituem uma espécie de selenita. Este termo deriva de Selene, deusa da lua, filha dos Titãs Hipérios e Tea e irmã da deusa Eos e do deus Hélios, tornando-se popular por seus inúmeros casos de amor, com destaque para o romance com o pastor Endymion com quem, dizem, teve 50 filhos.

Dentre todas as lendas que cercam as rochas rosas, a mais propagada diz que as rosas caracterizam-se pela capacidade de fortalecer a espiritualidade do ser humano, permitindo-lhe enxergar a verdade interior nem sempre translúcida, devido ao poder de transmutação e à limpeza energética, impondo-se como uma das pedras de purificação mais poderosa da natureza, capaz até de energizar outros minerais, facilitar a clareza mental e garantir o sucesso pessoal e profissional. 

Estão sempre em zonas desérticas de diferentes continentes, como África, América do Sul, Europa e América do Norte.

A cor das rosas do deserto varia bastante conforme a tonalidade da areia que lhe deu origem. A mais comum é a de cor de areia escura, mas há também brancas no Saara tunisiano; cor de fogo no Saara argelino; e negras na Argentina. Em relação ao tamanho, também são imprevisíveis: vão de alguns poucos centímetros até um metro ou mais.

Por fim, afirmamos que as rosas do deserto agregam os elementos terra e água de forma harmoniosa, enaltecendo a beleza da natureza e reiterando as palavras de John Ruskin, quando diz: “a natureza pinta para nós, dia após dia, quadros de infinita beleza, se tivermos olhos para ver e acrescento eu: “[...] e a oportunidade de conhecer exemplares mágicos das rosas do deserto tunisiano”.

Maria das Graças Targino é jornalista e pós-doutora em jornalismo pela Universidad de Salamanca / Instituto Interuniversitario de Iberoamérica.

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