Dia Mundial da Liberdade de Imprensa: temos poucos motivos para celebrar no Brasil
O ódio na sociedade se volta cada vez mais contra os operários da comunicaçãoO 3 de Maio é, desde 1993, por decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa que, como direito de expressão de ideias, é celebrado no Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada com a criação da ONU – Organização das Nações Unidas, em 1948, três anos após a derrota das potências nazifascistas nos campos de batalha.
O Artigo 19 assegura que “Todos os seres humanos têm direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.”
A ONU decidiu tornar o direito de expressão um mandamento mundial após as terríveis experiências da humanidade: o fascismo (termo genérico usado para se referir às ditaduras de direita dos anos 20 e 30) e o nazismo (termo específico para o fascismo alemão) calaram a oposição com o terror e se apropriaram da imprensa, cooptada ou censurada.
A pesquisadora alemã Elizabeth Noelle-Neumann, que foi jornalista durante o nazismo na Alemanha, e, portanto, sentiu na pele a experiência de viver numa ditadura totalitária, criou, em 1977, a Teoria da Espiral do Silêncio, usada tanto nas ciências sociais como na comunicação: o terror de ser perseguido, o medo de sofrer ataques ou ofensas, leva o indivíduo a se calar diante daquilo com o qual não concorda. Dessa forma, como observamos no Brasil, o silêncio se espalha pela sociedade diante do medo e do constrangimento causados pelos ataques nas redes sociais promovidos pelas “milícias virtuais” e, pelo que está sendo investigado pela CPI das Fake News, o Gabinete do Ódio, que funcionaria dentro do próprio governo federal, ordenando ataques a pessoas e organizações consideradas inimigas do Poder.
A Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, vê no próprio presidente Bolsonaro o maior incentivador dos ataques aos jornalistas brasileiros e computa 179 ataques nos primeiros quatro meses do ano. Por causa disso, pelo segundo ano consecutivo o Brasil cai no ranking mundial da liberdade de imprensa, preparado pela organização Repórteres sem Fronteiras (Reporters without Borders). O Brasil ocupa a posição 107, muito atrás da Costa Rica, na invejada 7ª posição mundial, e do nosso vizinho Uruguai, na 19º posição.
São tempos sombrios para a imprensa brasileira em que militantes da direita, e também da esquerda, com a desculpa de condenar os oligopólios (do grego: controle de poucos) da mídia, ofendem e ameaçam diariamente os operários da comunicação, homens e mulheres que também estão na linha de frente dessa guerra de todos nós contra a pandemia do Covid-19 e, em especial, contra os males trazidos pelas Fake News que contaminam nossas redes sociais. Parabéns aos jornalistas! Sigam em frente! Coragem!
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