Crise nas universidades federais
Bloqueio de recursos torna insustentável a situação financeira das instituições de ensinoNo apagar das luzes, o atual e quase ex-governo castiga, mais uma vez, e duramente, as universidades públicas. Orçamentos anuais - sem nenhum reajuste, há muitos anos - já colocavam em risco o funcionamento de diversos serviços, como concessão de bolsas a alunos carentes, e vários setores, como as atividades terceirizadas em áreas administrativas, limpeza e segurança.
Mas o novo bloqueio, presente indesejado de final de ano e de governo, eufemismo para corte, no valor de R$ 244 milhões, provocou a mais grave crise na história da universidade pública brasileira, inviabilizando o funcionamento das instituições, já que são recursos necessários para o pagamento de despesas como bolsas, contas de luz e fornecedores de serviços e produtos, como os alimentos dos restaurantes universitários, por exemplo.

O novo bloqueio retirou toda a dotação orçamentária para o pagamento das contas pendentes no final de ano, sendo liberado a conta gotas. Só na Universidade Federal do Piauí isso representou um corte de R$ 5,2 milhões, dinheiro previsto para os gastos do encerramento do exercício de 2022. Em função da burocracia dos trâmites legais, o desbloqueio paulatino atrasou todos os pagamentos, prejudicando fornecedores e, principalmente, os bolsistas, que dependem da ajuda mensal de R$ 400,00 para sobreviver.
Ainda utilizando a UFPI como exemplo, a Universidade iniciou 2022 com um orçamento de custeio de pouco mais de R$100 milhões e, em junho, o valor foi reduzido para menos de R$ 95 milhões. Depois da publicação da PLOA 2023, no final de agosto, caiu ainda mais, para R$ 93,8 milhões - valor insuficiente para cobrir as despesas projetadas para 2023.
Mais gastos (inflação) e menos dinheiro significam a necessidade de cortes; cortes em bolsas para estudantes carentes, que dependem dessa ajuda para continuar os estudos, cortes nos serviços terceirizados, com a demissão de pessoal administrativo, de limpeza e de segurança. Cortes na compra de material básico para o dia-a-dia, como papel higiênico, sabão, material de escritório...
Enfim, são cortes que inviabilizam o funcionamento das instituições federais de ensino, que merecem mais respeito, mais atenção do poder público.
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