Camila Sousa

Psicóloga, terapeuta Transpessoal especialista em saúde mental.
Psicóloga, terapeuta Transpessoal especialista em saúde mental.

A grande Matrix X Autoconhecimento

Já tomou seu comprimido hoje?

Você já se olhou no espelho e se perguntou se realmente está no caminho certo? Ficou ansioso, inseguro diante de uma decisão importante a ponto de não conseguir tomá-la? Sentiu dificuldade em dizer “não” quando necessário? Se a resposta para essas questões for SIM, talvez, você esteja na Matrix e, talvez, precisemos nos permitir a ousadia de duvidar de tudo aquilo que nos cerca.

Nos cinemas, o filme Matrix foi lançado em 1999, a ficção científica dirigida por Lilly e Lana Wachowski , trouxe em seu enredo um futuro distópico e inquietante. A história aponta um futuro de dominação oculta de toda humanidade, as pessoas viviam uma realidade na qual elas consubstanciavam como verdadeira, mas, que na realidade era uma simulação denominada de “Matrix”, passando os protagonistas a buscarem uma grande  rebelião contra as máquinas e a libertação do “mundo dos sonhos”.

Foto: Google Imagens
 Entre a realidade e a ficção 


O resgate ante a ficção é necessário; o ilusionismo da sociedade perpassa as mais íntimas esferas do indivíduo, atenção! Nós vivemos em natural e perigosa desarmonia com a nossa verdade interior e essa naturalização nos condiciona a impotência das grandes conclusões sociológicas, filosóficas e psicológicas. 

Poucos pensadores podem ser mais oportunos na abordagem desse tema quanto o francês Michel Foucault (1926-1984). O filósofo, em seu estudo de investigação histórica, aponta a relevante percepção de que o indivíduo é engolido por um sistema de normatização, em outras palavras, a subjetividade, a peculiaridade é sequestrada pelas instituições e sistemas de pensamentos,que por sua vez manipulam em vários níveis a nossa autonomia, arrisco-me a dizer;da consciência.

FOTO: REPRODUÇÃO 

Autoconhecimento: um caminho para o sucesso                                                

Desde muito novos, somos expostos às situações determinantes para a criação de nossa personalidade. O fato é que nesse processo, nós passamos a aprender quem somos a partir do contato com o externo, ou seja, o outro me da a referência de quem eu sou ou como devo agir e, dessa forma, montamos um enorme ciclo de influência automática.

Como no filme, agimos acreditando em nossas percepções deturpadas por uma avalanche de condicionamentos, sem perceber que o autoconhecimento é a chave mais preciosa que podemos nos valer para sairmos da Matrix.

Em via prática, o que acontece é que em algum momento da nossa vida, deparamo-nos com alguma situação que gera um enorme desconforto perante nossa essência, bem como, nosso propósito individual, logo, a partir daí, inicia- se os questionamentos sobre o real motivo de estar submerso nesse espiral de contradições.

Aduz-se que, quando esse tipo de questionamento é levado à fundo, têm-se uma oportunidade incrível de nos depararmos com as questões internas mal resolvidas e, ainda, com o “eu” construído a partir do outro. A conclusão pode ser devastadora à um olhar simplório, porém sua complexidade é tão profunda quanto os segredos do universo, insurgindo o questionamento; a minha realidade traduz a minha verdade?

A consciência é a ferramenta para os indivíduos conectarem-se com os princípios que norteiam a nossa existência, interconectando-se com a totalidade. Sendo assim, autoconhecimento é o movimento de voltar-se para dentro de si e conseguir compreender, com amorosidade, todas as questões e bagagens emocionais que nos conduzem inconscientemente a tomar certas decisões distantes da nossa verdade interior, desviando-nos da nossa felicidade.

É somente através do conhecer a si mesmo que resgatamos o propósito, norteando a existência com sabedoria, aceitando o que estamos sendo no aqui e no agora, inclusive, o nosso lado sombrio, compreendendo-nos, assim, como inteiros.

Saber quem você é, parte, antes de tudo, da aceitação da vulnerabilidade, do feio, das crenças, pois Autoconhecer-se é entender o que está por trás da dor e o porquê da sua persistência, reconhecendo, por fim, que esse movimento interno nos impulsiona adiante para a superação das dificuldades da vida.

O desafio é renovável, pois não adianta alimentar o sonho de exercer determinada profissão se, no fundo, prevalece a insegurança de não ser possível chegar onde se almeja. Romper a Matrix é conseguir acolher cada uma das reações, atitudes e emoções, conseguindo ter um maior domínio de si perante a situação e levá-la a uma transformação positiva, superando o ciclo vicioso através da plena consciência.

Em último resgate cinematográfico, Neo, o protagonista, no ápice do enredo recebeu a grande proposta de Morpheus. Este dá-lhe uma escolha entre dois comprimidos; o primeiro iria lhe manter em sua ilusão condicionada, vida quotidiana, no seu mundo (comprimido azul), por sua vez, o segundo iria lhe proporcionar saber, finalmente, o que é a Matrix (comprimido vermelho).

No decorrer da caminhada é valioso questionar: Já tomou seu comprimido hoje?

Namastê.


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