Silvio Barbosa

Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.
Professor concursado do Curso de Comunicação Social da UFPI, campus Teresina. Doutor em Comunicação e Mestre em Filosofia do Direito é advogado e jornalista, com 24 anos de experiência de mercado, tendo trabalhado em empresas como Rede CBS (Estados Unidos), Globo, Bandeirantes, Record e TV Cultura. Autor dos livros TV e Cidadania (2010) e Imprensa e Censura (no prelo) e dos documentários Vale do rio de lama - no rastro da destruição, e Sergio Vieira de Mello, um brasileiro em busca da paz no mundo.

A polícia de joelhos: a força da prece contra a violência nos Estados Unidos

Sim, policiais ajoelhados conseguiram reduzir a tensão racial em Miami

A imagem é forte, é comovente e foi registrada por centenas de celulares em Miami, mais importante cidade da Flórida, nos Estados Unidos. Policiais e chefes de polícia se ajoelharam diante de manifestantes em Coral Gables, região nobre de Miami. E rezaram junto com os manifestantes pela alma de George Floyd, sufocado até a morte no dia 25 de maio, após ser detido, algemado e deitado no chão por um policial que, durante 5 minutos, espremeu o pescoço de Floyd com o joelho.

Foto: Getty ImagesA morte de George Floyd provoca onda de violência nos Estados Unidos
A morte de George Floyd provoca onda de violência nos Estados Unidos

Os outros três policiais não fizeram nada para impedir o sufocamento, mesmo Floyd implorando que não conseguia respirar. Na gravação feita por celular, ouve-se a voz de uma mulher questionando o policial: - Até quando você vai fazer isso?

Floyd tinha 46 anos, uma passagem pela polícia por furto e estava desempregado desde o início da quarentena por causa do fechamento do restaurante em que trabalhava como segurança, e onde era conhecido como Gigante Gentil. Já o policial, que o sufocou sem tirar a mão do bolso, tem 18 reclamações registradas, a maioria por excesso de violência em ação.

Os policiais o teriam confundido com um suspeito de estar distribuindo notas falsas de 20 dólares pelo comércio da região. A vida de Floyd terminou, assim, por causa de US$ 20, pouco mais de R$ 100,00.

Tentando evitar o levante da comunidade negra, 13% da população do país, a prefeitura de Minneapolis demitiu os 4 policiais e um deles será julgado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Da divulgação do assassinato de Floyd até agora, 75 cidades enfrentaram passeatas e protestos violentos contra o racismo que americanos dizem estar institucionalizado na polícia dos Estados Unidos, país em que a segregação racial nas escolas, empregos, transporte e espaços públicos esteve em vigor até o final dos anos 60 do século passado. Mas cinquenta anos não foram suficientes para curar as feridas do câncer do preconceito racial, como observa-se com toda essa violência.

A Flórida está muito longe do estado de Minnesota, onde ocorreu o crime. Mesmo assim, a população saiu às ruas para protestar em diversas áreas da cidade. Houve confrontos com a polícia, mas não em Coral Gables, onde os policiais se ajoelharam... e rezaram pela alma de George Floyd.

A prece deu resultado imediato. Em vez de confronto, a inesperada ação policial serviu para desarmar os ânimos. É como se a reza tivesse sido ouvida imediatamente por Deus, que concedeu a graça de um pouco de paz em meio a tanto medo, a tanto ódio.

Terá sido uma estratégia de relações públicas ou um gesto voluntário dos policiais? Não importa, a imagem de policiais ajoelhados rezando, que corre o mundo, demonstra a tão necessária empatia, solidariedade, respeito... sentimentos de que nosso mundo, tão tomado por ódios e radicalismos, precisa tanto.

A fé move montanhas, diz o ditado. Em Miami, a demonstração de fé moveu uma montanha, a montanha do ódio. Que o exemplo se espalhe e toque os corações em todas as regiões em conflito, inclusive, claro, nosso Brasil tão sofrido.

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